Frases Populares: 7 Motivos para Pensar antes de Aceitá-las
Nas Entrelinhas do Pensamento
Vivemos em uma era onde frases populares e citações de efeito são amplamente compartilhadas nas redes sociais, ganhando popularidade com uma rapidez impressionante. Muitas vezes, essas frases são absorvidas sem uma análise crítica, sendo aceitas como verdades universais ou conselhos valiosos. No entanto, será que todas essas frases realmente possuem uma profundidade coerente? Ou estamos apenas repetindo ideias vazias, sem questionar seu real significado?
Esse é o ponto central que abordei na live recente do podcast Jẹ ki a lọ, intitulada “Nas Entrelinhas do Pensamento”.
No episódio, discutimos como a disseminação desenfreada dessas frases de impacto pode se tornar perigosa, especialmente quando seguidores aceitam essas mensagens de forma automática, sem refletir sobre a veracidade ou a coerência das ideias. Muitas vezes, influenciadores e figuras públicas compartilham frases que parecem sábias, mas que, ao serem analisadas em maior profundidade, se revelam superficiais ou até mesmo incoerentes. Essa aceitação passiva pode enfraquecer o senso crítico das pessoas, levando-as a internalizar conceitos sem fundamentos.
Além disso, esse fenômeno alimenta uma cultura de imediatismo, onde o que importa é a mensagem curta e impactante, não o conteúdo reflexivo e bem embasado. Frases como “Seja você mesmo, todos os outros já existem” ou “Acredite nos seus sonhos e o universo conspirará a favor” podem soar inspiradoras, mas elas simplificam demais questões complexas, como o desenvolvimento pessoal e o esforço contínuo para alcançar metas. Ao aceitar esses slogans de sucesso instantâneo sem um olhar mais atento, corremos o risco de perder de vista a realidade mais nuançada da vida.
Por isso, no podcast, propus uma reflexão: como podemos desenvolver um pensamento crítico diante dessas frases populares? A solução começa por questionar, analisar e contextualizar. Nem todas as frases que parecem sábias à primeira vista têm um valor real quando observadas com mais cuidado. E, muitas vezes, o que realmente importa não está nas palavras que nos são apresentadas, mas nas entrelinhas do pensamento por trás delas.
Acesso Rápido
Por que frases populares se espalham rapidamente?
As frases populares têm o poder de se espalhar de forma quase viral nas redes sociais. Mas por que isso acontece? O principal fator está no impacto emocional e psicológico que essas frases provocam nas pessoas. Quando lemos uma frase que ressoa com o que estamos sentindo ou vivendo no momento, é comum experimentarmos uma sensação de alívio ou conforto imediato. Isso acontece porque, ao concordarmos com essas palavras, nosso cérebro libera endorfina, gerando uma sensação de prazer e bem-estar. Esse ciclo de emoções positivas faz com que as pessoas compartilhem essas frases rapidamente, reforçando seu alcance e popularidade.
Outro aspecto que favorece a disseminação das frases de efeito é sua simplicidade. Elas costumam ser curtas, diretas e fáceis de memorizar, o que facilita sua absorção sem a necessidade de uma reflexão profunda. Em tempos de excesso de informações, onde o consumo de conteúdo é acelerado, as pessoas buscam mensagens que podem ser compreendidas rapidamente, sem exigir muito tempo ou esforço mental. Essa busca por gratificação instantânea torna as frases populares atraentes, mesmo que muitas vezes careçam de coerência ou profundidade.
No entanto, o perigo está exatamente nessa absorção automática. Quando uma frase aparentemente sábia é recebida sem questionamento, há o risco de adotarmos ideias incoerentes ou até enganosas. A sensação positiva gerada pelo ato de concordar pode mascarar a falta de fundamento da mensagem, criando uma falsa sensação de compreensão. Isso é ainda mais perigoso quando essas frases vêm de figuras influentes, pois a autoridade que essas pessoas possuem tende a fazer com que seus seguidores aceitem as mensagens sem hesitação.
Além disso, as frases populares costumam reforçar uma visão simplificada da vida e das emoções humanas. Expressões como “O que é seu está guardado” ou “Siga seus sonhos e tudo se realizará” podem até trazer conforto momentâneo, mas muitas vezes ignoram as nuances e complexidades da realidade. Isso pode levar à frustração quando a vida não corresponde às expectativas criadas por essas frases simplistas, alimentando uma cultura de decepção e desilusão.
A importância da reflexão crítica
A reflexão crítica é fundamental em uma sociedade onde as frases populares são amplamente aceitas sem questionamento. A adoção de ideias sem uma análise aprofundada pode gerar sérios impactos no senso crítico das pessoas, enfraquecendo sua capacidade de discernir o que é coerente e aplicável à realidade. Frases de efeito, muitas vezes, oferecem uma visão simplificada da vida, mas a ausência de um olhar crítico pode nos levar a incorporar essas ideias de maneira prejudicial.
Quando não exercemos a reflexão crítica, abrimos espaço para a aceitação de ideias incoerentes, muitas vezes baseadas em emoções imediatas em vez de fatos ou raciocínios sólidos. Isso se torna especialmente perigoso quando essas frases são repetidas por figuras de autoridade ou influenciadores, que podem promover visões distorcidas ou superficiais sem oferecer o contexto necessário. A falta de reflexão transforma essas mensagens em “verdades” inquestionáveis, criando uma mentalidade de aceitação passiva.
O impacto disso na realidade vivida é significativo. As pessoas que adotam essas frases sem reflexão podem começar a moldar suas decisões e comportamentos com base em ideias errôneas, o que pode resultar em frustrações, expectativas não atendidas e uma visão distorcida do mundo. Além disso, quando uma pessoa se acostuma a não questionar o que lhe é apresentado, perde a capacidade de analisar criticamente outras áreas de sua vida, impactando sua autonomia de pensamento.
Portanto, a prática da reflexão crítica é essencial para evitar a armadilha de aceitar frases prontas e superficiais. Ao questionar o que está por trás dessas palavras, podemos identificar suas falhas, analisar suas implicações e decidir conscientemente se fazem sentido ou não em nossas vidas. Esse processo fortalece o pensamento crítico, permitindo que as pessoas enfrentem a realidade de forma mais madura e coerente, em vez de se apoiarem em ideias ilusórias que, por mais populares que sejam, podem estar longe de refletir a verdade.
O perigo de aceitar incoerências
Frases populares, muitas vezes, carregam consigo uma aura de sabedoria que as torna atraentes e fáceis de adotar. No entanto, quando não analisadas criticamente, essas frases podem conter incoerências que comprometem o entendimento mais profundo das situações. Um exemplo claro disso é a frase “O caçador que grita antes de atirar a flecha volta para casa com fome.” À primeira vista, ela parece ser uma metáfora sobre cautela, mas, quando examinada de perto, revela uma falta de lógica que pode confundir mais do que esclarecer.
A aceitação de incoerências como essa não é apenas um problema de linguagem, mas também um reflexo de como absorvemos e interpretamos as mensagens que recebemos no dia a dia. Quando aceitamos frases como essa sem questionar sua veracidade, abrimos espaço para a distorção de conceitos importantes, o que pode prejudicar nossa capacidade de tomar decisões conscientes. Isso afeta diretamente o nosso desenvolvimento pessoal, pois nos impede de construir uma base sólida de conhecimento e sabedoria.
No nível social, o perigo é ainda maior. Frases incoerentes repetidas e amplamente aceitas podem criar um ciclo de desinformação, onde conceitos mal formulados se tornam “verdades” que muitas vezes são disseminadas por influenciadores ou pessoas de destaque. Isso impacta negativamente o pensamento coletivo, criando uma cultura onde o superficial é aceito como profundo, e a reflexão crítica é deixada de lado. A longo prazo, esse hábito pode levar a uma sociedade menos capaz de resolver problemas complexos de maneira eficaz.
Portanto, é essencial que sejamos cautelosos ao absorver e propagar frases populares. Embora muitas vezes tenham um apelo emocional imediato, elas devem ser analisadas com um olhar crítico para evitar que as incoerências comprometam nosso crescimento intelectual e social. Questionar a validade dessas expressões não só fortalece o nosso senso crítico, mas também nos protege de aceitar ideias que, em última análise, podem nos prejudicar em vez de nos guiar na direção certa.
Como os influenciadores digitais moldam nosso pensamento?
Os influenciadores digitais têm um papel cada vez mais relevante na formação de opiniões e no comportamento das pessoas nas redes sociais. Ao compartilharem frases populares e citações de impacto, muitas vezes sem uma análise crítica, eles contribuem para a disseminação de ideias superficiais, que podem ser absorvidas pelo público como verdades absolutas. Essa influência não é acidental; pelo contrário, faz parte de uma dinâmica em que o engajamento é priorizado, e frases de efeito têm um apelo emocional imediato, promovendo likes, compartilhamentos e comentários. No entanto, essa prática pode ter um impacto negativo no pensamento crítico de seus seguidores.
Muitos influenciadores, intencionalmente ou não, acabam moldando o pensamento de seus públicos ao repetirem frases sem significado profundo ou contexto adequado. Quando uma frase é compartilhada por uma figura pública de grande popularidade, ela ganha um peso extra, sendo vista como “sábia” ou “inspiradora”, mesmo que, na verdade, possa carecer de qualquer tipo de coerência lógica. Isso pode fazer com que as pessoas aceitem essas ideias de forma acrítica, sem se darem ao trabalho de refletir sobre sua veracidade ou aplicabilidade. Com o tempo, esse comportamento pode enfraquecer a capacidade de discernimento e até prejudicar a formação de opiniões mais embasadas.
Além disso, o uso indiscriminado de frases populares por influenciadores muitas vezes cria uma cultura de superficialidade. Em vez de incentivar debates ou reflexões mais profundas, muitos acabam se limitando a reproduzir expressões fáceis, que oferecem respostas simplistas para questões complexas. Essa abordagem limita o desenvolvimento intelectual do público, pois impede que as pessoas questionem ou pensem criticamente sobre o que estão ouvindo ou lendo. Como consequência, criam-se padrões de pensamento que favorecem o conformismo em vez da análise cuidadosa.
Portanto, é fundamental que o público seja mais consciente ao consumir conteúdo de influenciadores digitais. Nem toda frase popular traz consigo uma verdade ou uma lição válida. Precisamos nos lembrar de que questionar e refletir são habilidades essenciais para evitar cair na armadilha de aceitar ideias vazias ou incoerentes, apenas porque elas foram proferidas por alguém em posição de destaque. É assim que podemos nos proteger da manipulação, seja ela intencional ou não, e manter um pensamento crítico sólido em meio ao bombardeio de informação superficial.
Frases populares no Candomblé e sua influência nas redes
Nos últimos anos, as frases populares se tornaram uma presença constante nas redes sociais, até mesmo no contexto religioso. No Candomblé, uma religião rica em tradição e sabedoria ancestral, é possível perceber como essas frases superficiais têm sido usadas para transmitir uma falsa sensação de profundidade espiritual. No entanto, muitas vezes, essas expressões não refletem a verdadeira essência dos ensinamentos tradicionais, criando uma percepção distorcida do que é, de fato, a vivência e a sabedoria do Candomblé.
Uma das principais preocupações com a disseminação dessas frases nas redes sociais é o impacto que elas têm sobre a compreensão das tradições religiosas. No Candomblé, o conhecimento é passado de forma oral e ritualística, sendo necessário um envolvimento profundo com os preceitos e valores que guiam essa cultura. Ao simplificar conceitos complexos em frases curtas e de fácil digestão, corremos o risco de esvaziar o sentido dos rituais e ensinamentos que são transmitidos de geração em geração. As frases populares podem, muitas vezes, reduzir a profundidade da prática religiosa a meras palavras sem contexto ou fundamento.
Além disso, muitos influenciadores religiosos ou perfis dedicados ao Candomblé acabam reproduzindo essas frases sem questionar o impacto que elas causam no público. O perigo é que essas expressões, quando amplamente compartilhadas, começam a ser vistas como uma representação legítima do conhecimento espiritual, quando, na verdade, são apenas superficialidades travestidas de sabedoria. Isso não só diminui o valor do conhecimento tradicional, mas também afeta a percepção externa da religião, distanciando-a de sua verdadeira essência.
Portanto, é essencial que pratiquemos a reflexão crítica também no meio religioso, questionando as frases que vemos e ouvimos, e buscando sempre o verdadeiro conhecimento nas fontes adequadas. No Candomblé, é fundamental lembrar que a sabedoria não pode ser comprimida em poucas palavras, mas sim experimentada e vivenciada por meio dos rituais, dos ensinamentos dos mais velhos e da conexão profunda com os Orixás. As redes sociais têm um grande potencial para disseminar conhecimento, mas é preciso cuidado para que a superficialidade das frases populares não desvirtue o caminho para a sabedoria real e a autenticidade das tradições.
O impacto psicológico e social de seguir ideias sem questionar
O hábito de seguir frases populares sem uma análise crítica pode ter consequências profundas para a saúde mental e o bem-estar social. Quando aceitamos ideias superficiais sem refletir sobre seu significado, corremos o risco de internalizar mensagens confusas ou até contraditórias. Isso pode gerar uma sensação de desorientação, já que a mente passa a lidar com informações que, muitas vezes, não se sustentam na prática ou na realidade. Esse processo pode causar uma frustração constante, especialmente quando as promessas embutidas em frases de efeito não se concretizam.
Durante a live Nas Entrelinhas do Pensamento, discutimos como essa falta de reflexão crítica pode, com o tempo, contribuir para o desenvolvimento de problemas como ansiedade e até depressão. Quando repetimos ou seguimos essas frases, sem realmente entender ou adaptar seu conteúdo à nossa realidade, muitas vezes criamos expectativas irreais. O resultado é um ciclo de desapontamento e confusão mental que pode afetar profundamente nossa autoestima e percepção de controle sobre a vida.
Além do impacto psicológico, o seguimento cego de ideias populares pode ter consequências sociais. Ao não questionar as ideias que consumimos, nos tornamos mais suscetíveis à manipulação por influenciadores ou figuras de autoridade. Seja nas redes sociais ou em outros ambientes, essa passividade intelectual nos torna alvos fáceis para pessoas mal-intencionadas que utilizam frases de impacto para ganhar seguidores ou promover agendas pessoais. A repetição de frases vazias e incoerentes pode moldar comportamentos e atitudes que não se baseiam em um entendimento genuíno, mas em respostas automáticas.
Portanto, é crucial que desenvolvamos uma reflexão crítica ativa sobre as ideias que absorvemos, seja na mídia, nas redes sociais ou nas conversas diárias. O impacto psicológico de seguir ideias sem questionar pode ser devastador, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade como um todo. É essencial cultivar o hábito de questionar e analisar o que nos é apresentado, buscando sempre um entendimento mais profundo e alinhado com a nossa realidade.
A responsabilidade de desconfiar e questionar
Em tempos de difusão rápida de frases populares pelas redes sociais, a responsabilidade de desconfiar e questionar as informações que consumimos se tornou uma habilidade fundamental. Gerações anteriores valorizavam o ceticismo saudável, aquele olhar crítico que não aceita prontamente qualquer afirmação sem antes avaliar sua veracidade. Recuperar esses valores é essencial para nos protegermos da aceitação passiva de ideias superficiais, muitas vezes promovidas por influenciadores e figuras públicas.
O ceticismo saudável nos ensina a filtrar o que ouvimos, lê-se e compartilha. Não se trata de duvidar de tudo e de todos, mas de refletir antes de aceitar ou seguir uma ideia, especialmente quando ela vem de frases de efeito ou ditos populares. Em uma era em que as redes sociais amplificam a voz de muitos sem a devida base de conhecimento, essa reflexão crítica se torna um mecanismo de defesa intelectual. Ao adotar uma postura mais questionadora, protegemos nossa mente da manipulação e da desinformação.
Frases populares, por vezes, são generalizações simplificadas que não consideram as nuances das situações. Embora algumas possam conter fragmentos de sabedoria, muitas delas são repetidas sem a devida análise, levando a interpretações equivocadas. Ao questionar essas ideias, ganhamos uma visão mais completa, evitando os perigos de se viver de acordo com máximas que nem sempre se aplicam a todas as realidades. A responsabilidade, portanto, é individual, mas também coletiva, já que ao compartilhar uma frase ou ideia, estamos influenciando o pensamento dos outros.
Ao cultivar o hábito de desconfiar e questionar, não estamos apenas protegendo nossa autonomia intelectual, mas também contribuindo para uma sociedade mais consciente e informada. Quando aplicamos o ceticismo saudável às frases populares, estamos reivindicando nosso direito de pensar de forma independente, resgatando o poder de escolha sobre o que absorvemos como verdade. Em última instância, a prática de questionar é uma ferramenta poderosa contra a aceitação automática de ideias sem substância.
“O caçador que grita antes de atirar a flecha volta para casa com fome.”
A minha análise desta frase levanta questões profundas sobre a influência das mensagens que absorvemos e como isso molda o senso crítico. Sob a ótica filosófica, podemos recorrer ao conceito de logos, que enfatiza a coerência lógica no discurso. Se a superfície de um ensinamento não faz sentido, como eu bem observei durante a live, há um risco de que as pessoas internalizem a incoerência como aceitável, enfraquecendo sua capacidade de pensar criticamente.
Na filosofia de Wittgenstein, por exemplo, a ideia é que a linguagem molda a forma como percebemos o mundo. Frases incoerentes, mesmo se bem-intencionadas, podem desviar a clareza de pensamento. Quando as pessoas aceitam sem questionar, tendem a desconectar o conteúdo da lógica, criando um terreno fértil para equívocos e falsas compreensões. Por isso, acredito realmente que incentivar as pessoas a refletirem criticamente é uma resistência a essa tendência.
Do ponto de vista da psicologia, especialmente na perspectiva das relações humanas, este fenômeno toca em um processo conhecido como conformidade social. Muitos tendem a seguir figuras influentes ou dominantes, aceitando suas ideias sem questionamento, um comportamento explorado em estudos como o de Asch sobre conformidade. Quando figuras públicas ou influenciadores dizem algo, suas palavras são vistas como verdadeiras, independentemente da lógica que sustentam. Isso pode resultar em um fenômeno de “confiabilidade implícita”, onde a confiança na pessoa ofusca a crítica ao conteúdo.
Além disso, a aceitação de incoerências pode se associar ao conceito de dissonância cognitiva (Festinger). Quando uma pessoa adota uma ideia incoerente, ela pode experienciar desconforto mental, mas, para evitar esse desconforto, muitas vezes se esforça para justificar ou racionalizar a incoerência ao invés de rejeitá-la. Ao longo do tempo, esse processo pode prejudicar a capacidade de distinguir o sentido do absurdo.
Se o subconsciente de alguém se acostuma a aceitar o ilógico, é possível que a capacidade de discernir entre o que faz sentido e o que não faz se enfraqueça, tornando as pessoas mais suscetíveis à manipulação e a narrativas que não resistem à análise crítica.
Será que você já viu algo assim recentemente, na política atual talvez, em situações onde realmente se instaura uma guerra de narrativas e, para muitas pessoas, vence aquele com quem as pessoas mais se identificam ideologicamente ou possuem certa finidade ou simpatia?
Portanto, talvez nunca tenha antes tenha sido tão importante chamar a atenção para a falta de coerência, o que, de fato, é uma defesa necessária do pensamento crítico e da autonomia intelectual. Essa é uma luta contra a passividade mental e a conformidade social que, em última instância, podem comprometer a capacidade de alguém de viver de forma autêntica e reflexiva.
E justamente por isso, principalmente no Candomblé contemporâneo, onde cada vez mais aparecem pessoas se destacando ao produzir conteúdo, é cada vez mais importante que as pessoas preocupadas com o futuro da religião entendam a profundidade dessas ações, reflitam constantemente a respeito do conteúdo que elas mesmas validam e estejam sempre atentas ao que está escrito nas entrelinhas do pensamento.
Mas será que é só isso?
Todo esse assunto que tratamos até agora toca em um ponto profundo que envolve a filosofia e a psicologia das relações humanas, especialmente no contexto contemporâneo das redes sociais. Quando frases como “Exu diz” ou qualquer outro Orixá é citado para transmitir um ensinamento que não tem respaldo nos Oriki, Itan ou versos de Ifá, estamos diante de uma questão crítica de autenticidade e autoridade simbólica.
Filosofia e Tradição
Do ponto de vista filosófico, a tradição no Candomblé e em outras religiões de matriz africana é baseada em uma rica transmissão oral, em que os ensinamentos e histórias são passados de geração em geração. Essas tradições são profundamente conectadas a símbolos, mitos e rituais que refletem a essência do Orixá, do Ogan e de cada papel dentro do culto. Frases soltas, que surgem sem contexto histórico ou litúrgico, rompem com essa herança milenar, o que leva a um problema de esvaziamento simbólico. Quando ensinamentos que não têm origem nos pilares da tradição são difundidos como se fossem autênticos, a cultura religiosa se fragmenta e corre o risco de ser banalizada.
Na filosofia da religião, a hermenêutica (a interpretação de textos e símbolos) é uma prática central para a compreensão dos mitos e dos ensinamentos espirituais. Quando uma frase “de efeito” é atribuída a um Orixá sem respaldo, estamos basicamente deturpando a interpretação daquilo que o Orixá representa, e isso pode levar a uma compreensão equivocada da própria essência do culto. Esse é um dilema filosófico profundo: como manter a integridade da mensagem ancestral em um mundo que favorece o imediatismo e a superficialidade?
A Psicologia e as Relações Humanas
Agora, sob uma perspectiva psicológica, o impacto dessa prática nas relações humanas é significativo. Nas redes sociais, há uma tendência crescente de buscar validação em frases curtas e de efeito, sem a devida reflexão crítica, como já constatamos antes. Essas postagens muitas vezes exploram as vulnerabilidades emocionais dos indivíduos, oferecendo respostas rápidas para questões existenciais complexas. No entanto, ao aderir a essas mensagens sem questionamento, o público se torna mais susceptível à manipulação e menos capaz de desenvolver um senso crítico e individualizado.
A psicologia social nos mostra que os seres humanos são fortemente influenciados por figuras de autoridade, e nas redes sociais, influenciadores e criadores de conteúdo assumem esse papel. Ao disseminar frases atribuídas a Orixás sem embasamento, essas figuras exercem um tipo de poder simbólico sobre as massas, levando as pessoas a acreditarem que estão recebendo um ensinamento legítimo, quando na verdade estão apenas absorvendo ideias superficiais e, muitas vezes, incoerentes. Isso cria um ambiente onde o público cede sua autonomia de pensamento para essas figuras, aceitando qualquer mensagem sem a devida análise crítica.
O Perigo da Descontextualização
Esse é um ponto crucial: muitos desses ensinamentos são completamente incoerentes com o epíteto dos Orixás mencionados. Isso é perigoso não apenas por desinformar, mas também porque pode moldar a visão que as pessoas têm sobre o próprio Orixá de maneira equivocada. Quando um conceito mal interpretado ou falso é associado a uma entidade espiritual, ele pode corromper o entendimento coletivo de quem essa entidade realmente é. Em termos psicológicos, isso pode gerar conflito cognitivo e discrepância entre a crença e a prática, levando as pessoas a internalizarem valores que não condizem com a tradição.
Além disso, a banalização do sagrado por meio dessas frases descontextualizadas enfraquece o próprio ritual. As religiões de matriz africana são baseadas em um profundo respeito pelo mistério e pela complexidade do divino. Quando esses mistérios são simplificados a frases prontas, perde-se a profundidade do ensinamento e, mais perigoso ainda, a capacidade de as pessoas vivenciarem de forma autêntica os ensinamentos dentro de suas comunidades.
Um Chamado à Reflexão Crítica
Assim como discutido anteriormente, o papel da reflexão crítica é vital. Por isso eu sempre sugiro que é vital questionar a origem dessas mensagens, pois esse é um caminho fundamental para manter a integridade do Candomblé e de qualquer tradição espiritual. As pessoas precisam ser incentivadas a questionar: de onde vem esse ensinamento? Quem é a fonte? Esse ensinamento ressoa com a tradição verdadeira ou é apenas uma tentativa superficial de conquistar likes e engajamento?
Essas são as perguntas que todos devemos nos fazer para proteger nossa cultura e nosso senso de autenticidade. Como foi mencionado na reflexão do podcast, a aceitação cega de frases incoerentes ou de sabedoria duvidosa pode afetar negativamente o senso crítico das pessoas, tornando-as vulneráveis à manipulação e à superficialidade. Isso é ainda mais perigoso quando a manipulação ocorre no campo da espiritualidade, onde as pessoas buscam orientação e verdade.
Há uma necessidade urgente de despertar as pessoas para a importância de um pensamento crítico em relação às frases populares que circulam, principalmente quando atribuídas a Orixás ou qualquer figura espiritual. Essa prática não só preserva a integridade da religião, mas também fortalece a autonomia de quem a pratica, promovendo uma espiritualidade mais consciente e verdadeira.
Um Pouco da Profundidade do Assunto
Se você expandir a sua mente e pensar fora da caixa, vai perceber que esse assunto possui uma profundidade inegável. O que, à primeira vista, pode parecer uma simples frase compartilhada nas redes sociais, acaba sendo um elemento muito mais poderoso na construção ou na destruição de valores e tradições. O Candomblé, assim como muitas outras religiões de matriz africana, carrega uma herança cultural e espiritual que foi preservada ao longo de séculos por meio de rituais, saberes e práticas ancestrais, muitas vezes enfrentando intensa opressão e perseguição.
Quando olhamos para o contexto contemporâneo, percebemos que a disseminação de ideias incoerentes ou superficiais, especialmente sobre Orixás e outros elementos sagrados, tem um impacto direto no entendimento da religião. O perigo maior é a normalização de distorções, que muitas vezes se perpetuam sem serem questionadas, dando espaço para que a cultura do “superficial” ofusque o verdadeiro conhecimento, promovendo o esvaziamento simbólico de algo que foi sustentado com tanto sacrifício.
Essa prática, aparentemente inofensiva, tem um efeito cumulativo devastador. Ela deslegitima a espiritualidade, dá voz a visões erradas que não refletem a realidade do culto e abre portas para a apropriação cultural. Pior ainda, contribui para o apagamento de aspectos importantes da religião, que muitas vezes são substituídos por frases prontas ou “ensinamentos” rasos, desconectados da profundidade que a tradição requer. Em um momento em que o racismo religioso e a intolerância ganham novos disfarces, é essencial que estejamos atentos. A luta contra essas opressões não se faz apenas nas ruas, mas também nas redes sociais, onde as ideias são construídas e disseminadas rapidamente.
Se deixarmos de questionar e de vigiar essas ações aparentemente pequenas, estamos, de fato, permitindo que os alicerces da nossa religião se enfraqueçam. E esse enfraquecimento não ocorre apenas por forças externas, mas também internamente, quando o próprio povo de Santo, por desconhecimento ou descuido, começa a absorver essas ideias sem resistência.
Para aqueles que ocupam posições de responsabilidade dentro do Candomblé, como os Ogans, a vigilância é ainda mais crucial. Nós somos guardiões dos ritos e da tradição, e temos o dever de proteger a integridade de nossa fé. Permitir que frases ou ideias desvirtuadas sobre nossos Orixás circulem livremente é dar munição a quem busca desvalorizar nossa cultura. Se deixarmos que isso passe sem crítica, acabamos ajudando, mesmo que de forma indireta, na depreciação daquilo que nossos antepassados lutaram tanto para preservar.
A nossa postura, portanto, deve ser sempre de atenção e análise. Questionar a origem, o contexto e a coerência das mensagens que nos chegam é uma ferramenta poderosa contra o apagamento e a apropriação cultural. Precisamos abrir os olhos e incentivar outros a fazer o mesmo. Só assim seremos capazes de fortalecer nossa comunidade e proteger nossa história.
Essa vigília constante é o que irá assegurar que o Candomblé continue vivo e íntegro, sem ser deturpado por discursos oportunistas. Estamos em uma posição de resistência, e o nosso compromisso é com a verdade, com a tradição e com os nossos ancestrais. Que nunca esqueçamos que os pequenos detalhes moldam a realidade, e é neles que devemos focar nossa atenção para que a nossa luta seja, de fato, uma luta pela preservação e valorização de nossa religião e cultura.
Um Exemplo de Distorção Cultural: O Jantar dos Orixás
Recentemente, um caso chamou minha atenção e ilustra bem o perigo da distorção cultural que enfrentamos hoje. Uma renomada chef de cozinha, famosa por seu restaurante, recebeu uma celebridade internacional e preparou um jantar especial. O destaque do menu foi chamado de “Jantar dos Orixás”, uma refeição que, supostamente, homenagearia divindades como Iemanjá, Xangô e Oxum. O evento ganhou grande repercussão nas redes sociais, especialmente por ser oferecido a um ator de Hollywood, e o post que divulgava a refeição destacava pratos como arroz caldoso, bolo de rolo e pastel de festa.
Ao ver isso, fiz questão de comentar na postagem: “Nunca arriei ‘bolo de rolo’ ou ‘pastel de festa’ para Iemanjá, Xangô ou Oxum. Tanta coisa boa na culinária dos Orixás e apresentaram pro homem só o nome.” Na tentativa de explicar a situação, a chef respondeu que não se tratava de “comida de oferenda”, mas sim de pratos “baseados em ingredientes que compõem as oferendas”.
De fato, qualquer pessoa com o mínimo de senso crítico saberia disso, não havia o que se justificar. Era esperado que certas comidas dos Orixás não fossem servidas para a pessoa, isso nem se discute.
Mas, entendi a justificativa, porém a incoerência ainda persistia. Como poderia um prato ser considerado culinária dos Orixás apenas por usar ingredientes que eventualmente compõem as oferendas, mas que, na prática, não possuem relação direta com as tradições de culto? Questionei isso diretamente: se essa lógica fosse seguida, oferecer “onion rings” temperadas com cebola também poderia ser chamado de comida dos Orixás. Ao invés de preparar pratos consagrados e autênticos como acarajé, vatapá ou abará, consolidada como verdadeira culinária do Povo de Santo, a escolha foi apenas pela estética e pela notoriedade de um nome.
No entanto, ao invés de uma reflexão, o que recebi foi uma tentativa de “carteirada”, alegando sua experiência de 40 anos como iniciada no Candomblé. Minha intenção não era desacreditar seu trabalho, mas sim mostrar que esse tipo de atitude, mesmo sem má intenção, contribui para a distorção das nossas tradições. E, mais perigoso ainda, oferece uma visão superficial de algo que deve ser tratado com profundidade e respeito.
E preciso entender que: uma simples desatenção e o executar de uma ação negativa pode deslegitimar décadas de luta
Esse exemplo acima ilustra perfeitamente o perigo que ronda quando aceitamos distorções como algo normal, especialmente dentro do Povo de Santo. Ao analisar essa situação, fica claro que a banalização de certos conceitos, como “Culinária dos Orixás”, não só fere nossas tradições, mas também desvaloriza o esforço ancestral de preservação cultural. A maneira como essa prática foi exposta e defendida por uma pessoa que deveria ser uma guardiã dessas tradições mostra como falta de reflexão crítica pode transformar algo que deveria honrar nossa cultura em um espetáculo superficial.
Quando eu tentei explicar o erro, o simples fato da minha observação ser recebida com desdém mostra como o senso de pertencimento e respeito às tradições muitas vezes é substituído por uma defesa cega de ego. Essa chef, mesmo com 40 anos de feita, e nem mencionei que ela fez questão de dizer que é detentora de um cargo intimamente relacionado à Cozinha do Candomblé, falhou em perceber a incoerência de suas ações, defendendo uma postura que contradiz aquilo que deveria ser a essência do Candomblé: respeito à ancestralidade e às práticas tradicionais.
O fato se torna ainda mais grave por ser cometido por, como ela disse, uma “Iyabase”, a pessoa responsável pela Cozinha dos Orixás. A pessoa que tem a obrigação de proteger, zelar e honrar este elemento que é um dos mais importantes da nossa cultura e religião.
O que me chama atenção nesse caso é como muitos de nós no Candomblé estão dispostos a militar por causas como a valorização da cultura afro-brasileira, mas sem questionar a coerência das palavras e ações que promovem. Muitas vezes, as pessoas seguem as ideias de influenciadores, artistas ou outros líderes, sem pensar criticamente sobre o impacto dessas mensagens na preservação e no respeito à nossa religião. Ações como essa não são inofensivas; elas contribuem para o apagamento cultural e para a banalização daquilo que nossos antepassados lutaram tanto para manter vivo.
É preciso expor a incoerência dessas atitudes sem ataques pessoais, e de maneira exemplar. O foco deve sempre ser no esclarecimento e na construção de um pensamento crítico que resgate a importância da reflexão sobre o que realmente significa honrar nossas raízes. Somente assim podemos evitar que ações como essa se perpetuem, e que o Povo de Santo continue contribuindo, mesmo que de forma involuntária, para a depreciação da nossa cultura. Essa vigília, especialmente por parte de Ogans e outras figuras de liderança, é fundamental para que possamos construir uma luta sólida contra a intolerância religiosa, o racismo e o apagamento cultural que está ocorrendo diante de nossos olhos.
A Incoerência e a Contaminação do Senso Crítico
Quando o senso crítico de uma pessoa é contaminado por conformidade e ideias prontas, ela se torna incapaz de enxergar suas próprias incoerências. Nesse estado, em vez de abraçar a luz da reflexão, prefere combatê-la, pois isso é menos desconfortável do que reconhecer seus próprios erros. Esse fenômeno ocorre com mais frequência do que percebemos, especialmente quando as críticas se dirigem a algo em que o indivíduo está emocionalmente ou socialmente investido.
Muitas vezes, quando alguém traz uma crítica construtiva ou tenta promover uma reflexão mais profunda, em vez de acolher a oportunidade de repensar suas ações ou posturas, essas pessoas reagem com hostilidade. Esse comportamento decorre, em grande parte, de um senso crítico já contaminado por ideias pré-concebidas, que dificultam o discernimento do que é realmente certo ou errado.
Em vez de ver a crítica como uma oportunidade de libertação e crescimento, muitas pessoas a percebem como uma ameaça ao seu conforto. Assim, em vez de aceitar uma nova perspectiva ou reavaliar suas ações, elas preferem atacar a luz que tenta iluminar suas falhas. A verdade é que ser crítico de si mesmo e aceitar a necessidade de mudanças é um ato de coragem. Quando essa coragem falta, a ignorância se perpetua, e a incoerência se torna a norma.
Esse processo é algo que acontece quando a capacidade de reflexão e julgamento é substituída por conformidade com o coletivo, ou mesmo pelo desejo de não questionar nada que venha de figuras de autoridade ou grupos de pertencimento. Nesse cenário, aceitar uma nova perspectiva pode ser visto como uma ameaça, em vez de uma oportunidade de crescimento. Como resultado, é mais fácil combater quem traz a luz — ou seja, quem tenta iluminar essas incoerências — do que aceitar o desafio de questionar suas próprias crenças.
Essas pessoas muitas vezes não percebem que, ao rejeitar a oportunidade de reflexão, estão, na verdade, abdicando da chance de exercer sua liberdade de pensamento. Estão aprisionadas nas suas próprias concepções, sem perceber que a verdadeira liberdade exige uma abertura para o questionamento, para o novo, e para a própria transformação.
No fim, a crítica construtiva não vem para atacar ou destruir, mas para libertar. No entanto, aceitar essa luz requer uma disposição de olhar para si mesmo com honestidade, de enxergar as falhas e incoerências, e de estar disposto a crescer a partir delas. Quem se fecha para essa possibilidade, opta por continuar preso em sua ignorância, o que, em última instância, é uma escolha que impede qualquer avanço verdadeiro.
A liberdade de pensamento e o medo de ser julgado
O que acontece quando alguém, ao tentar propagar o livre pensamento e questionar padrões incoerentes, se vê alvo de críticas aparentemente criadas para desmoralizar esse esforço?
Ao olhar atentamente para as circunstâncias de comentários negativos, feitos por um perfil criado no dia 01 de outubro, mesmo dia dos comentários, e em um canal com poucos inscritos e visualizações, as evidências indicam que essas críticas não surgem de uma análise externa objetiva, mas de alguém que conhece de perto a pessoa e o trabalho. Esse comportamento levanta questões sobre as intenções por trás dessa postura.
Esse tipo de atitude, infelizmente, é comum quando o senso crítico da pessoa está tão comprometido que, em vez de colaborar com o fortalecimento do pensamento livre, ela se sente ameaçada por ele. A criação de um perfil especificamente para fazer críticas anônimas revela não só o desejo de atacar sem ser identificado, mas também a incapacidade de sustentar um debate aberto e saudável sobre as ideias apresentadas. É um indicativo claro de que o medo de ser confrontado pelo pensamento crítico leva a ações reativas e, muitas vezes, mal-intencionadas.
É importante ressaltar que, enquanto alguém dedica tempo a tentar enfraquecer uma ideia ou um trabalho sério, essa mesma energia poderia ser usada para fortalecer a liberdade de pensamento e ajudar na construção de uma sociedade mais crítica e consciente. Ao invés de criar um perfil falso e tentar atacar uma discussão legítima, essa pessoa poderia usar sua voz para agregar, debater de maneira saudável e enriquecer o diálogo.
O verdadeiro medo não deveria ser pensar de maneira livre e crítica, mas sim estar aprisionado ao senso coletivo incoerente, aquele que impede o questionamento e a reflexão individual. Quando uma pessoa age assim, ela está permitindo que a conformidade e o medo de ser confrontada lhe privem da possibilidade de crescer intelectualmente e espiritualmente. A liberdade de pensamento não é um ataque à coletividade, mas um meio de aprimorá-la, transformando-a em algo mais coeso e sensato.
É interessante trazer o comentário que foi feito, para que possamos analisar esse tipo de postura que tem se tornado cada vez mais comum diante de trabalhos sérios realizados para trazer esclarecimento para as pessoas.
A Evolução do Fenômeno da “Pós-Verdade” e o Comportamento Coletivo na Atualidade
Vivemos em uma era marcada pelo fenômeno da “pós-verdade”, em que as emoções e opiniões pessoais frequentemente substituem fatos objetivos. Essa tendência tem se intensificado com o advento das redes sociais, onde a disseminação de desinformação, a manipulação de narrativas e a construção de “verdades alternativas” são cada vez mais comuns. No entanto, é importante ressaltar que a “pós-verdade” não se limita à desinformação factual; ela também se manifesta na forma de resistência a qualquer pensamento que desafie crenças e sentimentos arraigados.
Hoje, esse fenômeno parece ter evoluído. Essa nova etapa da “pós-verdade” vai além da mera negação de fatos e chega a um ponto em que qualquer questionamento de uma “verdade” pessoal ou coletiva é visto como uma ameaça. Isso leva indivíduos a rejeitarem debates construtivos e a atacarem quem busca trazer clareza e promover o pensamento crítico. Esse comportamento evidencia o quanto o medo de ter suas crenças abaladas leva à tentativa de desqualificar quem ousa questionar.
Um exemplo claro disso é o comportamento de pessoas que, diante de uma crítica construtiva ou de uma reflexão profunda, preferem atacar pessoalmente o interlocutor. A criação de perfis anônimos para lançar críticas negativas sem embasamento, como no caso desses comentários na Live, é uma expressão clara desse fenômeno. Essas pessoas, muitas vezes, estão tão apegadas ao que consideram “sua verdade” que não conseguem perceber que o livre pensamento é uma ferramenta para a liberdade e o progresso, não uma ameaça ao coletivo.
Essa postura evoluída da “pós-verdade” cria um ciclo vicioso, onde as pessoas preferem manter suas ideias intactas, mesmo quando confrontadas com evidências que sugerem o contrário. Esse ciclo é alimentado pela necessidade de proteger a identidade e a segurança emocional, resultando em um fechamento completo para novas ideias. Ao fazer isso, essas pessoas preferem se manter em uma bolha de conforto e atacar quem busca iluminá-las com novos pontos de vista.
A discussão, então, se aprofunda ao pensarmos nas consequências desse comportamento. Quando indivíduos se recusam a aceitar a possibilidade de que podem estar errados, o pensamento crítico coletivo é prejudicado. Em vez de promover o crescimento intelectual e a liberdade de pensamento, esses ataques silenciam vozes que poderiam contribuir para um entendimento mais profundo e equilibrado da realidade. No lugar de debates saudáveis, surgem confrontos baseados no orgulho e na defesa de uma “verdade pessoal” frágil.
Esse primeiro comentário demonstra um enorme desconforto com a ideia transmitida, em que a pessoa evidentemente sentiu-se desconfortável ou até mesmo desafiada pela profundidade da crítica e buscou minimizar o impacto dessa mensagem, sugerindo que eu estaria em contradição com meu próprio grupo.
Houve clara demonstração de falta de senso crítico ao não entender que eu tenho o direito de discordar de ações de um grupo a que pertenço. A pessoa demonstra dificuldade em separar as opiniões individuais das ações coletivas. Ela assume que todos dentro de um grupo devem pensar e agir da mesma forma, o que revela uma visão limitada sobre identidade e pertencimento.
E não podemos deixar de observar o ataque pessoal. Algumas vezes, quando uma discussão envolve pontos de vista complexos e difíceis de argumentar, a resposta mais fácil para alguns é tentar trazer a discussão para um nível pessoal. É uma forma infantil de fugir do mérito da questão.
O que isso diz sobre o comportamento humano nos dias de hoje?
A “pós-verdade” evoluiu para uma mentalidade em que, em vez de buscar a verdade coletiva ou o entendimento mais amplo, há uma insistência em permanecer em zonas de conforto e atacar quem tenta propor algo diferente. O medo de abandonar o senso coletivo incoerente, de desafiar crenças herdadas e de se libertar da ignorância faz com que muitos rejeitem o pensamento livre. Nesse contexto, o verdadeiro perigo não está em pensar livremente, mas em se aprisionar na mentalidade coletiva, que impede o crescimento individual e a liberdade de pensamento.
Este segundo comentário depreciativo, feito pela mesma pessoa que criou o canal, aparentemente apenas para fazer esses comentários, nos mostra um grande medo do conflito interno, evidente pela ideia de que se alguém criticar sua própria casa matriz isso pode ser desconfortável para quem acredita que a unidade de um grupo se baseia na conformidade total, sem perceber que a crítica saudável é parte essencial do crescimento.
Além dos erros na redação do comentário, aceitáveis no contexto em que vivemos atualmente, podemos perceber uma confusão entre crítica e deslealdade, pois, ao associar a crítica com deslealdade, a pessoa ignora que apontar incoerências dentro de um grupo ou sistema pode, na verdade, ser um ato de responsabilidade e cuidado, em vez de traição.
Por fim, não é preciso ter uma percepção muito apurada para identificar uma grande dificuldade em lidar com a pluralidade de opiniões. Muitas pessoas têm dificuldade em aceitar que é possível estar inserido em um grupo, como uma casa de Candomblé, e ainda assim questionar práticas ou posturas que você considere incoerentes. Isso faz parte do amadurecimento crítico e da autonomia.
E com um olhar atento a essas reações à nossa Live sobre o assunto, podemos concluir que em situações como essa é que as pessoas, muitas vezes, têm receio de se libertar de pensamentos e ideias herdadas, preferindo atacar quem se atreve a questionar e pensar diferente. No entanto, esse medo só limita o crescimento individual. Ao invés de perpetuar uma mentalidade de ataque ao pensamento livre, deveríamos estar mais preocupados em promover o debate saudável e a liberdade de pensamento.
Portanto, ao refletirmos sobre a verdadeira intenção dessas críticas, devemos lembrar que o crescimento vem da reflexão, não do ataque. Aqueles que optam por julgar e minar o trabalho alheio por meio de críticas sem fundamento estão, na verdade, revelando seu medo de questionar e sua falta de liberdade interna. Se quisermos realmente avançar como sociedade, precisamos aprender a aceitar e fomentar o pensamento crítico, sem medo de sermos confrontados por ele.
Já dizia minha falecida avó: “Olho vivo e pé ligeiro!”
Vimos como as distorções culturais e a falta de questionamento crítico podem ser perigosas, especialmente quando se trata de tradições profundamente enraizadas como as do Candomblé. Os exemplos como a frase do “Caçador que grita antes de atirar a flecha volta para casa com fome”, as frases de “Orixá tal diz…” e do “Jantar dos Orixás” ilustram como a banalização e a superficialidade podem criar equívocos que prejudicam a preservação de nossas práticas. Quando permitimos que conceitos distorcidos sejam aceitos e propagados, contribuímos involuntariamente para o apagamento cultural e damos munição àqueles que desprezam nossas tradições.
É fundamental que o Povo de Santo, especialmente figuras de liderança como os Ogans, se mantenha vigilante e comprometido com a preservação e defesa de nossa cultura. Não podemos deixar que o senso crítico seja ofuscado pela influência de figuras midiáticas ou por mensagens superficiais que não condizem com a realidade de nossas crenças. O combate ao racismo religioso, à apropriação cultural e à intolerância religiosa começa na nossa postura de zelo e respeito pelas tradições que nos foram passadas.
Perguntas Frequentes
Ao escrever sobre esse assunto, me deparei com algumas perguntas frequentes feitas nos mecanismos de buscas da internet. Então, abaixo estão as perguntas mais recorrentes, e suas respostas.
Quais são as frases populares?
Existem diversas frases populares, de acordo com a cultura em que se está inserido, portanto, mesmo levantando esse questionamento na maioria das ferramentas de busca na internet, desejando encontrar uma resposta, haverá certa dificuldade para encontrá-la sem antes especificar sobre qual cultura ela se aplica.
Quais são os 3 ditados populares?
De acordo com os mecanismos de buscas mais utilizados, os três ditados populares são: “A pressa é inimiga da perfeição.”; “Quem não arrisca, não petisca.”; “Cada macaco no seu galho.”
Qual é o ditado mais popular?
De acordo com os mecanismos de buscas mais utilizados, o ditado mais popular é “A pressa é inimiga da perfeição”.
Como se diz amém no candomblé?
Uma palavra que pode ter uma similaridade com o significado da palavra “Amém”, seria “Axé”. Axé, neste contexto, teria o mesmo significado que “Assim seja”.
Como se diz boa sorte no candomblé?
Uma palavra constantemente utilizada no Candomblé como uma expressão desejando “Boa Sorte” a alguém, é a expressão “Irê ô”.
Como se diz Deus no candomblé?
Deus, no Candomblé, recebe diversos nomes, sendo entre eles um dos mais populares o termo “Eledumare”, com o significado de “Senhor Todo Poderoso”.
Como saudar um macumbeiro?
A saudação a uma pessoa praticante de religiões afro-brasileiras que pode ser feita por qualquer outra pessoa é: “Meus respeitos”, ou “Mojubá”, em idioma Yorùbá.
Como saudar um candomblé?
Para saudar a religião Candomblé, basta apenas demonstrar sinais comuns de respeito à sua tradição, atos solenes e dignidades.
Se você gostou dessa postagem, te convido a refletir mais profundamente sobre tudo isso e a continuar essa conversa acessando mais artigos relacionados ao Candomblé na seção Podcast Jẹ ki a lọ aqui do meu blog. Lá, exploramos questões como essa com ainda mais profundidade, sempre buscando conscientizar e educar nosso povo sobre a importância de nossa religião e cultura.
Lembrando que nesta seção eu publico diversos artigos relacionados ao Candomblé, não somente artigos baseados nos episódios do podcast. Você encontrará muito material interessante nas temporadas do podcast também, por isso eu recomendo que assista o podcast pelo Youtube, ou escute os episódios no Spotify, CastBox e outros dos melhores aplicativos para podcasts.